Nos últimos dias o Blog http://viveradoisumdesafio.blogspot.com/
ultrapassou as 1000 visualizações. Soberbo!
O número 1000 constitui uma
realidade aritmética deveras curiosa. Aliás, a semana que passou foi marcada
por um palíndromo, 11/11/11, um
número carregado de simbolismo. E
repare-se que não sou adepto das teorias milenistas ou de outras concepções
esotéricas. Mas tantos zeros emparelhados acabam por provocar uma certa
distorção perceptiva e mexem com a consciência. Se dois zeros é muita coisa.
Então, três zeros juntos é muito mais. Estilhaça a lógica! Como assinalei no post de 1 de Novembro, sabemos da
complexidade dos fenómenos vivos que dois organismos associados representam
muito mais do que a mera soma de cada um deles. Ao unirem esforços criam
propriedades novas, diferentes. Aportam mais-valias, qualidades, virtudes,
superam-se na exigência e fazem apelo a uma complexidade crescente. Assim, é um
casal. O problema todo é que distraídos com as rotinas e as chatices do
quotidiano nem sempre nos damos conta dessa infinita riqueza. Mas, com o passar
do tempo, o caminho torna-se progressivamente mais estreito. Urge o bem-estar e
a felicidade...
Os números redondos têm algo de
especial, abraçam quem os escreve, numa suavidade especial, aconchegante e
ternurenta, qual abraço. E quem não precisa de abraços?
Os abraços, maternais, amigos,
apaixonados ou outros mais ou menos informais, distinguem-se de todas as
restantes modalidades de interacção social. São intencionais, ao afirmar uma
necessidade essencial, a de que precisamos deles. Por um abraço trespassa um
afecto e cada afecto resgata uma certa inocência perdida. Às vezes, não falar é
mentir, ainda que haja mentiras sinceras, caridosas. Se formos incapazes de
falar (e há tantas circunstâncias em que ficamos bloqueados, mudos de
palavras), pelo menos, vale a pena acolher o desejo de um abraço. É o que o
tentarei fazer através deste Blog: sem indulgência, procurar estar atento ao
desassossego da vida dos casais e descobrir as palavras no chão do quotidiano, nas esquinas da incerteza
do Amor; descobrir, subitamente, um livro, um filme, uma canção, uma frase, um
olhar que começa a falar-nos e que pode mudar a nossa vida. Vale acreditar nestes
precários milagres, pequenas
preciosidades não valorizadas, porque passam despercebidas na pressa do
consumismo que nos persegue. E, no fundo, sem delicadeza, vale a pena dizer que
não ajuda nada culpabilizar alguém quando procuramos ser felizes. As Ilhas só
existem no fundo da Solidão...
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