domingo, 29 de abril de 2012

a perda de Virilidade

   


A apreciação da importância atribuída aos genitais, como configuradores da identidade masculina, não pode ser desligada do valor cultural atribuído aos mesmos. Nomeadamente, os Indianos acreditam que quando o esperma se perde pela urina o homem torna-se fraco e debilitado. O esperma é encarado como um líquido vital que não deve se desperdiçado.
O conceito de “impotência” remete um pouco para a própria concepção de masculinidade.
Ser homem é, antes de mais, ter um estatuto de “macho”: forte, enérgico, poderoso, capaz e potente mas, também, fértil. As representações fálicas que encontramos nas suas mais diversas formas, desde as pinturas rupestres (no paleolítico superior era raro encontrar uma caverna sem desenhos ou pinturas fálicas), até às estilizações artísticas contemporâneas, apresentam o pénis como um exemplo de força e de pujança física. A imagem fálica projecta a omnipotência do macho humano, a par de uma certa vocação mágica e fantasiosa desses símbolos, quiçá, de poder.
O homem que não cumpra os padrões dominantes arrisca-se a auto-desvalorizar-se: “Eu já não sou um homem!”.
“O homem foi educado para não dar imensa importância aos problemas digestivos de origem nervosa, mas se ele inocentemente sofre de uma perturbação do impulso sexual de origem nervosa isso é quase um crime”. Este comentário, feito a um século de distância, da autoria de Havelock Ellis, descreve com uma grande acutilância os riscos que corre um homem ocidental quando tem a triste signa de ter problemas a nível da sua saúde sexual.
A personagem do filme de Paolo Sorrentino não tem problemas de funcionamento sexual mas, em tudo o resto, é um não masculino.Talvez nessa contradição resida a sua inigualável humanidade.

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