quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Tranquilizer commercial

   
Os portugueses abraçam-se aos psicofármacos para sobreviver. Por isso, não incomoda ver como há muito tempo atrás um medicamento era apresentado como uma tábua que salva vidas.

Comentário policial num diálogo conjugal

In: Tumblr

   Farto das suas impertinências, que de tanto se repetirem, acabaram por se tornar previsíveis, resolveu fazer algo para irritar:
  - Que é que eu fiz desta vez? Achas mesmo que tenho cara de assassino?
  -Sim, a tua impaciência mata! 


(Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas - Voltaire)

domingo, 23 de setembro de 2012

Um cartoon, sem desenhos a acompanhar

 

À força de tanto pensar, lá conseguiu descoser uma frase com pretensões filosóficas, mas sem grande convicção:
-Perdeu o dom divino...
- Referes-te a quê?
-O que é havia de ser?
- O casamento?
- Pode ser...
-O teu tédio é o principal argumento para a proliferação de tantas seitas religiosas e outras afins. Filósofos reapareçam na vida das pessoas, já chega de teatros!

domingo, 16 de setembro de 2012

Merecem ficar de castigo (no quarto!)

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Sem saber porquê deixou-se encantar pelo colorido das cápsulas. Elas inebriavam, seduziam como ninfas perdidas num qualquer oceano. Acabou por as tomar todas. O corpo começou a desfalecer, num ritmo pouco cadenciado. Quando acordou sentiu o contacto desagradável da sonda naso-gástrica na garganta.  Apercebeu-se que não foi desta, não tinha conseguido os seus intentos. Afinal, a morte não queria nada com ele. É o que acontece a todos os tolos da cabeça: não se compreendem e não controlam o que fazem.  Ela tinha-o posto assim: sôfrego de vida e sôfrego de morte.
Só os tolos é que se apaixonam?
Vamos pô-los de castigo e condená-los à solidão?

sábado, 15 de setembro de 2012

A troika sabe devolver sentimentos?


Os corações empedernidos conseguem ser agitados por algum leve sentimento ou é o mórbido silêncio que os comove?

Gritos murchos

-Deixa-me respirar, dá-me espaço!

   Um grito? Um desabafo? Um sinal de vida própria?

Atendendo à amplitude do espectro da frase que encabeça este texto, com tantas nuances que até parece a cauda de um cometa, aquela frase acaba por tornar-se equívoca. O que a torna veemente é o modo como é proferida. Já tentaram dizê-la sem gritar?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Há Lolitas e Lolitos (ou as crianças como travestis dos adultos)



MFFL2012

As calotes polares estão a derreter, Km a Km o gelo vai abandonando a superfície terrestre. A sua destruição retrata a loucura colectiva de uma civilização, a nossa (urbano-industrial-consumista!). Se calhar já não vamos a tempo de reparar todo o mal que foi feito em 100 anos. Mas há outros erros comportamentais passíveis de emenda: queremos fazê-lo?

Está na blogosfera...

Uma carta aberta dirigida ao Primeiro Ministro escrita por alguém que tem um percurso consistente. Académico, escritor, homem sensato. Seu autor, Eugénio Lisboa, tem mais de oitenta anos. É um sénior, com tudo o que isso implica numa sociedade que estigmatiza os que vão avançando na idade.
Este texto, com 8000 caracteres, não deixa ninguém indiferente.


 É para reflectir:

"Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.

Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito – todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! – mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal.

Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice – da minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco – ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir é a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.

A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta – as físicas, as emotivas e as morais – um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais – tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.

Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos , situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se contempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças  - sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... – têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.

Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida – tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes  termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher – como o “conservador” Passos Coelho – quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.

Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. – e com isto termino – uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: ”Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.

De V. Exa., atentamente,

Eugénio Lisboa"

domingo, 9 de setembro de 2012

O que é a Felicidade terrena?


Gosto de coi­sas sim­ples. De pes­soas gene­ro­sas, desassombradas, que resistem no silêncio. 
Tudo com muita ale­gria e não ignorando a tris­teza.
In: Google
Eu sei que não há gente assim, mas o Inferno espera-as ansiosamente. Cruzei-me com ele, um dia destes, num qualquer recanto, assim à beira mar plantado...

Elas e o excesso de bebida

Alcohol and women

Prognóstico da Dependência Alcoólica na mulher:
  1. Pior
  2. Decurso mais rápido da doença
  3. Decurso mais destrutivo
  4. Mortalidade mais elevada
  5. Influenciado pela maior relutância em procurar ajuda
  6. Dependente dos factores relacionais (por ex: os conjugais).

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Vivaldi, salva-nos!!!

 
É  a idade que torna os esposos progressivamente casmurros, rabugentos e inflexíveis ou é esta forçada convivência com a crise dos Srs da Troika que está a tirar a paciência às pessoas com que me cruzo, "virando-lhes o capacete"? Como autênticos sinais de fogo, incêndios que consomem a felicidade, a impaciência, ainda que involuntária, magoa e revolta.
Reinvente-se a alegria, bem presente na obra que o Frade Antonio nos deixou...Um imenso desejo!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Músicas...

In: tumblr
Nos ouvidos masculinos muitas músicas podem estar presentes. Sim, também os empedernidos machos (latinos e outros...!) ficam embevecidos pelos ritmos da música clássica. Ladainhas ou encantos, há tímpanos sensíveis às sensações do que vale a pena recordar. Só aparentemente são duros de ouvido...

domingo, 2 de setembro de 2012

Vai chamar abstinente a outro!


Comove a convicção quase espontânea de certos homens. É tanta a assertividade com que falam que até parece que estão a dizer a verdade, embora saibam que ao mentirem mais do que iludirem os outros estão a enganarem-se a si próprios.
Veja o seguinte caso:

In: Tumblr - "A verdade esconde-se onde menos se espera!"
 
-Então quando foi a última vez que ingeriu uma bebida alcoólica?

Gerou-se um repentino silêncio, incómodo. Aqueles 3 segundos pareceram um eternidade:
- De vez em quando...
-Não percebi o que acaba de dizer. Explique-se e diga a verdade, seja sincero !
- Há uns dias bebi um copito... 
 In: tumblr - "Há cumplicidades e cumplicidades"
(o olhar acutilante da esposa não confirmava esta versão dominante. Mas ali a sua voz não contava para nada, se abrisse a boca já sabia, ao chegar a casa ia comer das boas!).
-Hum...!
(A proximidade física revelava que estava a mentir sem grande convicção. Havia a prova baseada no olfacto:  o seu hálito era intenso e inconfundível, infestando o gabinete com um cheiro meio ácido e contrariando as boas intenções da pessoa em causa).
Ele até se aguentava de pé, não cambaleava. Dizia coisa com coisa.
!!!!Em consumidores habituais de álcool, o sistema nervoso central ajusta-se progressivamente à presença constante do tóxico (neuro-adaptação). Quando a concentração do álcool no sangue é repentinamente reduzida, ao parar de súbito com os consumos, já que o álcool é metabolizado muito depressa para que o cérebro se ajuste, este vai reagir mal, fica irrequieto e hiperexcitado, causando a síndrome de abstinência alcoólica que literalmente  pode ser a morte do “artista”. É que a abstinência alcoólica não é uma entidade uniforme. Varia nas manifestações clínica e na gravidade. Os sintomas podem ir da simples insónia até ao perigoso Delirium Tremens!!!!!
-...
-Prefiro os maus hábitos...

Moral da história: o Álcool não tem moral, não olha a meios para atingir os seus fins!

Outra Bibliografia:
Analice Gigliottia e Marco Antonio Bessab. Síndrome de Dependência do Álcool:critérios diagnósticos.Rev Bras Psiquiatr 2004;26(Supl I):11-13.