Cruzei-me com um cisne negro, algures numa noite de sexta-feira, a despropósito de tudo o que de bom a vida pode oferecer.
Foi um cisne que me fez pensar na inexorável aceleração da degradação biológica deste corpo que nos possui. Enquanto jovens não levamos a sério a sua presença, o corpo está ali mas nem damos por ele, tanto mais que ele não se queixa, não refila, não chama a atenção... Gera-se um pacto de silêncio entre nós e aquele objecto orgânico que molda a nossa pessoa.
O primeiro momento de mudança ocorre quando os testes, os exames médicos, revelam valores fora do padrão da normalidade... Aí surge o cisne negro! A ideia de fatalidade tem algo de envolvente e voluptuoso: mantém-nos quentes. Desperta os sentidos. Absorve o pensamento.
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