sexta-feira, 20 de abril de 2012

Crazy talk


picture: Mel Bochner, Language Is Not Transparent, 1966-1971
     

     A mãe diz ao filho: "deves gostar da tua mana " –
Estamos perante uma contradição!
Há aqui um double bind considerando que o amor deve ser espontâneo, sem obrigações.
    O duplo vínculo ou double bind corresponde a uma situação que se estabelece quando uma pessoa é confrontada com mensagens simultâneas de aceitação (amor) e rejeição.
   Como as mensagens co-existem num mesmo momento mas são contraditórias, faz com que o seu receptor fique confuso. Tal acontece em muitos contextos da nossa vida corrente. Sobretudo, para as crianças, a incoerência do que lhes é transmitido no meio familiar, na relação directa com os dois adultos que assumem as responsabilidades educativas, poderá no futuro ter implicações para a sua Saúde Mental.
G.BATESON by
                                  Francesco Masci
      Segundo Bateson, um dos pais das Teorias da Comunicação, curiosamente um autor cujo nome próprio é Gregory, tal e qual como o do inconfundível Dr. House, os adultos jovens que desenvolveram Esquizofrenia muitas vezes têm história de relação de duplo vínculo na infância. Assim, não é raro que essas crianças possam ouvir ciclicamente dos pais expressões com múltiplas variantes do seguinte teor, salvaguardando o devido enquadramento familiar: “Nós gostamos muito de ti, mas temos que te castigar porque se não o fizermos vais-te portar mal e não queremos que isso aconteça.É mesmo verdade, desejamos continuar a amar-te”.
Crazy talk!


Leitura aconselhada:
Helena Correia Knight (1991). Double-bind e esquizofrenia. Publicado na revista: Análise Psicológica.- Lisboa.- Série 9,nº2,p.235-238.


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